Afro-Tech e identidade: Q&A com Hanna Haïs sobre raízes e futuro

Yeki, Wekena e além: a influência crescente de Hanna Haïs no som do Afro-Tech moderno

Alguns artistas seguem tendências; outros as criam. Hanna Haïs pertence ao segundo grupo. Artista francesa com raízes no Norte da África, ela construiu uma carreira que atravessa continentes, unindo vocais soul, batidas hipnóticas e os ritmos do Afro House e do Afro-Tech.

Sua trajetória a levou de estúdios parisienses a palcos na África, Europa, Américas e além, moldando um som ao mesmo tempo autêntico e atemporal. O caminho de Hanna na música nunca foi linear. Começou como cantora e compositora, depois abraçou o DJing e a produção, dominando cada etapa até que seu nome se tornasse sinônimo de música eletrônica inspirada em raízes africanas. Em entrevista dada a Nazen Carneiro, Hanna Haïs fala sobre carreira, seus lançamentos no Afro Tech e sua audiência que é majoritariamente nos países da África e Oriente Médio, assim como seus shows, trazendo um tempero especial a sua sonoridade.

Ao longo da jornada, trabalhou com lendas como Larry Heard (Mr. Fingers), Matthias Heilbronn, Ralf GUM, KingDonna, Saint Evo, Dr Feel, Thandi Draai, Tabia, Djeff, Oscar P, Leo Guardo, Boddhi Satva e Kevin Yost, além de lançar por selos influentes como Defected e MoBlack, e fundar seu próprio selo: Donkela.

O centro da arte de Hanna está em sua relação com a música africana. De Angola à Nigéria, do Senegal ao Marrocos, ela se apresentou por todo o continente, deixando que as tradições locais enriquecessem seus sets e produções. Essas experiências moldaram sua abordagem única: uma fusão entre percussões orgânicas, vocais emotivos e texturas eletrônicas profundas. Apresentações recentes em Dubai, África do Sul, Marrocos e França reforçam sua capacidade de se conectar a públicos diversos, consolidando sua relevância global.

Seu lançamento mais recente, “Yeki” — uma colaboração com as vocalistas e compositoras sul-africanas Thandi Draai e Nana Atta — tornou-se mais um marco. Com groove de Afro House em camadas e energia espiritual, a faixa ganhou destaque mundial, tocando em rádios como Atlântida FM e figurando em playlists importantes do Spotify, como AFRO HOUSE 2025, Weekend Mood, Orgánica Legacy e Deeply Organic.
“Yeki” representa o que Hanna Haïs faz de melhor: fundir culturas e energias distintas em uma música que ultrapassa fronteiras.

Com o apoio de nomes como Black Coffee, Culoe De Song, Enoo Napa, DJ Merlon e Vanco, e com apresentações marcantes em Luanda, Lagos e Paris, Hanna segue expandindo a linguagem do Afro House. Sua música não imita — ela habita o espaço onde tradição e inovação se encontram.

“Yeki” vem ganhando destaque global. O que essa faixa representa para você?

“É uma faixa especial. Trabalhar com Thandi Draai e Nana Atta trouxe novas cores ao meu som. A música tem um groove afro profundo e vocais que soam quase espirituais. Para mim, trata-se de conexão — entre culturas, entre artistas e com o público.”

Você também lançou recentemente “Wekena”, com Dante T. e Mario Da Ragnio. Como foi esse processo?

Wekena é mais sombria e hipnótica, construída sobre linhas de baixo, percussões em camadas e vocais atmosféricos. Parte da inspiração veio de A Forest, do The Cure. É uma faixa para momentos intensos de pista.”

Olhando para trás, como sua colaboração com Larry Heard influenciou sua carreira?

“Foi um marco. Ele produziu uma das minhas músicas e entregou duas versões incríveis. Esse sucesso abriu portas — gravei meu primeiro álbum com Matthias Heilbronn e outros produtores, e cheguei a trabalhar no lendário estúdio de François Kevorkian, em Nova York. Aquilo me mostrou o que era possível.”

Os elementos africanos são centrais no seu som. Como você os integra à música eletrônica?

“Não forço. É algo natural, porque é a música que amo. A autenticidade é tudo — dá pra sentir quando é real.”

Como você vê o futuro do Afro House e do Afro-Tech?

“Eles vão continuar crescendo. A África é o núcleo — lugares como o Marrocos já são imensos, e a África Central tem um potencial incrível. A Índia também está se tornando uma cena empolgante. O apetite global por esses sons está apenas começando.”

Você tem conciliado turnês, produção e DJing. Como mantém o equilíbrio?

“Nem sempre é fácil, mas organização ajuda. Dedico tempo ao estúdio quando não estou viajando, e quando estou no palco, foco apenas no público. Às vezes, dou um passo atrás pra recarregar, mas a música sempre me puxa de volta.”

Fique por Dentro das Novidades

Acompanhe a After Mag para estar sempre por dentro do mundo da música eletrônica. Aqui, você encontrará conteúdo exclusivo, informações atualizadas e análises da cena, além de poder saber mais sobre seus artistas favoritos. Não perca a oportunidade de sempre estar por dentro das últimas novidades e fazer parte desta comunidade incrível de apaixonados pela música eletrônica.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *