“Raves com bebês” viram febre no cenário da música eletrônica

Nova moda de levar bebês para raves levanta polêmica: é inclusão cultural ou um espetáculo de imprudência travestido de lifestyle alternativo?

A cena eletrônica agora tem mamadeiras e fones anti-ruído?

Se você acompanha a cena eletrônica internacional ou mesmo se só a observa pelas redes sociais, provavelmente já esbarrou em um novo — e inusitado — fenômeno: pais e mães levando seus bebês para raves. O movimento, apelidado de “baby rave”, está ganhando força em algumas regiões dos Estados Unidos e viralizou recentemente após reportagem do jornal Extra mostrar famílias curtindo eventos ao som de música eletrônica.

Mas nem todo mundo está aplaudindo a tendência. Pelo contrário: a febre das raves com bebês está gerando forte divisão entre os fãs da cultura clubber. Enquanto alguns enxergam uma forma de compartilhar experiências culturais desde cedo, outros questionam os limites do bom senso e a real motivação por trás da escolha dos pais.

Música eletrônica e infância: onde traçar o limite?

A presença de crianças em festas noturnas levanta diversas questões. É verdade que alguns eventos adaptaram a estrutura, oferecendo fones de proteção auditiva para os pequenos, espaços mais calmos e horários diurnos. Mas a cultura rave, como muitos sabem, nem sempre é compatível com o universo infantil: volume extremo, aglomeração, fumaça, álcool, e estímulos visuais intensos fazem parte do pacote.

“É a normalização do absurdo. Não estamos falando de um piquenique no parque com música ambiente, mas de um ambiente construído para adultos em estados alterados de consciência”, afirma um produtor de festas underground, que preferiu não se identificar.

Um novo lifestyle ou busca por curtidas?

Críticos afirmam que a tendência é apenas mais um capítulo da “instagramização” da cena eletrônica. O que antes era resistência e contracultura, hoje se transforma em cenário para compartilhar um lifestyle descolado e ‘fora da caixinha’. A presença de bebês, nesse contexto, seria menos sobre inclusão e mais sobre performance social.

“O problema não é levar uma criança para ouvir música. É o tipo de ambiente onde essa música está sendo tocada, e os motivos por trás da decisão. A impressão é que os pais querem mais likes do que lembranças”, comenta uma frequentadora assídua de festivais.

A cena eletrônica amadureceu — ou se infantilizou?

A discussão está aberta — e longe de um consenso. Para uns, é apenas um reflexo da mudança de gerações: os ravers de 2005 agora são pais em 2025. Para outros, trata-se de uma ruptura nos valores centrais da cultura eletrônica, que sempre defendeu o respeito à liberdade individual, mas sem colocar terceiros (principalmente bebês) em risco.

Raves com bebês: tendência inclusiva ou espetáculo de imprudência?
No fim, quem vai responder é o tempo — e, claro, o algoritmo.

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